Para os que depois dos 40 começam uma vida nova... e para todos os outros também...
"Nascer, morrer, renascer ainda, e progredir sempre..., tal é a lei."
Para os que depois dos 40 começam uma vida nova... e para todos os outros também...
"Nascer, morrer, renascer ainda, e progredir sempre..., tal é a lei."
Saudades de sair de casa, de ler e escrever junto ao mar...
Passei os últimos 8 anos numa espécie de confinamento, que aconteceu naturalmente e veio da dor profunda e da necessidade de me encontrar, de finalmente mergulhar no mais íntimo do meu ser, de me ver com os olhos do amor e de me conhecer.
Foi a maior das viagens que fiz. Feita de forma solitária, com bastante isolamento social. Teve que ser assim, foi a única forma de me concentrar no meu propósito sem grandes distrações.
Passados estes anos, sei que foi o melhor que me aconteceu e estou cada vez mais feliz com o resultado, porque finalmente, de saída dos quarentas, sou a pessoa mais importante da minha vida, respeito-me cada vez mais, amo-me e aceito-me como sou, com os meus defeitos e fragilidades, que tanta insegurança e culpa me fizeram sentir no passado.
Já que é para ficar em casa, que cada um possa aproveitar o tempo e a oportunidade para se conhecer melhor, para se amar mais e mais, em primeiro lugar e acima de tudo.
Tenho no olhar a esperança de que tudo melhore e que, apesar das circunstâncias, possamos ficar todos mais fortes, porque é nisto que nos torna, o que não nos mata. Cuidem-se!
O melhor é amor, porque a verdade é que só o amor importa, só o amor fortalece, só o amor liberta, só o amor alimenta, só o amor faz caminhar.
É por amor e cada vez com mais amor que todos os dias me levanto e me deito e é graças a este amor imenso no qual escolhi viver que alcancei um estado de graça cada vez mais permanente, independente das dores e das circunstâncias.
É este amor infinito, que cada vez mais sinto - em primeiro lugar e acima de tudo por mim, mas que se estende, cada vez mais, a tudo -, que me alimenta, que me protege e me dá forças, todos os dias, para continuar. É que isto nem sempre é fácil e os desafios sucedem-se, para testar e fazer ter sempre bem presente a certeza de que só o amor importa!
Tens coragem de olhar nos olhos e falar sem filtros, sem máscaras? Tens coragem de olhar-te no espelho e admitir para ti mesma(o) o que sentes por ti? Aceitas-te? Respeitas-te? Admiras-te tal como és, com qualidades e fragilidades? Fazes tudo isto sem que o teu ego se apodere de ti, mantendo a humildade e a certeza de que todos temos valor independente da forma e conteúdo? Se sim, estás no caminho do amor próprio, da auto confiança, da auto estima, do amor ao próximo. Estás mais proxima(o) de ser feliz!
Ainda hoje não consigo dizer por palavras o que senti no dia em que dei à luz este que será sempre o meu bebé. Não posso dizer que foi o dia mais feliz da minha vida (tento cada vez mais que esse seja "hoje") e o amor que senti não foi explosivo, mas tem sido ao longo destes anos, sendo cada vez maior à medida que o tempo passa. Dominou-me a certeza da imensa responsabilidade e de que a partir daquele dia, nada mais seria como antes.
Ser mãe é o maior de todos os desafios e a minha mais grandiosa tarefa, à qual me tento entregar sempre de corpo e alma, fazendo o melhor que sei e posso.
Mostramos as melhores imagens, falamos sempre o melhor dos nossos filhos, mas é transversal que nem tudo é fácil e os desafios sucedem-se, desde o dia do nascimento (se já não antes).
Mesmo que o amor seja infinito, há chatices, aborrecimentos, obstáculos e muitas, muitas preocupações. Por isso é comum dizermos que depois da maternidade o nosso coração passa a andar fora de nós.
Neste dia dedicado a todas as mães, apetece-me dizer, para ser diferente, que, como em toda e qualquer relação, nem tudo é fácil, nem tudo é um mar de rosas, mas tudo vale a pena para os vermos felizes e a crescerem saudáveis (física e emocionalmente). Eles precisam de regras e disciplina para serem educados, para se amarem sempre, para respeitarem os outros, mas acima de tudo a si mesmos.
Ser mãe é ser chata, é dizer a mesma coisa vezes sem fim, é impor regras e estabelecer tarefas, é controlar e dar liberdade com responsabilidade. Mas para que tudo isto surta o efeito desejado, o amor tem que ser constante e amplamente demonstrado, para lhes dar estrutura emocional - o amor é a base de tudo e o sentimento mais poderoso - e o reforço positivo deve estar sempre presente, pois dá força interior e estrutura.
Ser mãe é muito, ser mãe é tudo, porque não há nada melhor do que ter na mãe o maior orgulho e a maior referência.
Ser um exemplo, uma referência é o que de melhor podemos fazer enquanto mães, porque é a forma mais eficaz de ensinar, de passar conhecimento.
Percebi com o tempo e todo o meu processo de aprendizagem e transformação interior, que amar-me e respeitar-me implica ter tempo para mim, para estar apenas e só comigo, para fazer o que me apetece e me faz bem no momento.
Nesta fase de pandemia dei por mim a ser imensamente grata à vida por me dar a oportunidade de passar parte da quarentena sozinha.
Tenho um filho que amo profundamente, mas com a conquista do meu amor próprio, aceitei e admito que, independentemente deste amor incomensurável e da admiração que tenho por ele, pelo tanto que me ensina, sabem-me bem os dias que passa com o pai.
Considero que temos uma relação incrível, de amor, respeito e cumplicidade, ao ponto de respeitamos o espaço de cada um e os momentos em que queremos estar sós, mas a verdade é que preciso da sensação de liberdade e independência e adoro quando a posso exercer em pleno. E falo de coisas tão simples como estar em absoluto silêncio durante horas ou poder dançar da forma como quero, a música que me apetece ouvir, sem as criticas próprias de um adolescente.
Sei que são coisas simples, mas que nesta fase de confinamento ganharam ainda mais valor para mim e sobre as quais tenho refletido bastante.
Acho importante assumir este meu lado, que considero nada ter a ver com egoísmo e muito menos com o ser ou não boa mãe, porque sempre me incutiram o conceito de culpa e o julgamento pelo que não é o habitual na sociedade onde me insiro. Amarmo-nos significa aceitar e respeitarmo-nos como somos, mantendo uma relação de respeito e lealdade com o que nos são próximos e mais amamos. Se o fizermos connosco, naturalmente somo assim com os outros, torna-se a nossa essência.
Ninguém é de ninguém e se faço questão de incutir ao meu filho amor próprio, individualidade e liberdade com consciência e responsabilidade, para fazer as suas escolhas, tenho que ser a primeira a dar-lhe o exemplo, pelo que represento na sua vida, e a mostrar-lhe este caminho e as suas consequências positivas.
A vida é feitas de escolhas e dos caminhos por onde queremos ir!
Nesta fase de confinamento, muito do que tínhamos como certo - crenças, ideias, pessoas e coisas - é posto em causa.
A ideia romântica e romanceada de família, de que bom mesmo era termos tempo para estar junto dos que mais amamos e de que a falta de tempo é a razão para que a vida não seja melhor, fica provado que, em grande parte dos casos, não passa disso mesmo.
Confinados ao lar, 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem poder sair, tudo é posto em causa e por mais que queiramos fugir, chega o momento em que é preciso pensar, refletir e equacionar o que temos e o que queremos para nós. O sonho de ter tempo realizou-se, mas as suas consequências estão longe de serem o que desejávamos e para muitos vem a culpa, própria ou do outro, de que nem tudo corra pelo melhor.
Uma das muitas grandes lições que a vida me tem dado é que não há culpados e todos somos responsáveis, desta ou daquela forma, pelo que nos acontece, e podemos sempre fazer diferente, porque estamos sempre a tempo de mudar e melhorar.