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Renascer aos 40

Para os que depois dos 40 começam uma vida nova... e para todos os outros também... "Nascer, morrer, renascer ainda, e progredir sempre..., tal é a lei."

Renascer aos 40

Para os que depois dos 40 começam uma vida nova... e para todos os outros também... "Nascer, morrer, renascer ainda, e progredir sempre..., tal é a lei."

O maior erro...

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"Faz aos outros o que gostavas que te fizessem."

Parece simples, não é??? Então porque é que temos tanta dificuldade em fazê-lo?

Talvez possamos chamar-lhe: egoísmo.

Vale a pena pensar nisto!!!

Vale a pena ler...

"Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão. No outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telemóveis, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado o pequeno almoço em casa, mas como a companhia aérea oferecia outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo fez-me refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?'

Encontrei a Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi às aulas?' Ela respondeu: 'Não, tenho aulas de tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa para fazer de manhã...' 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de ballet, de pintura, piscina', e começou a elencar o seu programa de menina robotizada. Fiquei a pensar: 'Meu Deus, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!' Estamos a construir super-homens e super mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.

Uma progressista da cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra tratar o corpo, mas preocupo-me com a desproporção em relação a tratar do espírito. Acho óptimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha ponta de celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado no seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho do prédio ou do bairro! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...

A palavra hoje é 'entretenimento'; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante do ecrã. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba por precisar de um médico. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, autoestima, ausência de stress.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, constrói-se um shopping. É curioso: a maioria dos shoppings têm linhas arquitetónicas de catedrais estilizadas; lá não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, lixo nas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Deve-se passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai sentir-se no inferno... Felizmente, acabam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo sumo e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...

Costumo advertir os balconistas que abordam à porta das lojas: 'Estou apenas a dar um passeio socrático.' Diante dos seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:...

"Estou apenas a observar quanta coisa existe de que não preciso para ser Feliz"!!!"

FREI BETTO